Tarsila encontra o IB

Alunos criam fantasias, músicas e danças inspiradas na obra da artista modernista em projeto que une arte, cultura e metodologia IB

Imaginem crianças de 3 anos criando suas próprias versões da Cuca, inventando passos de dança para o Boi-Bumbá e conversando sobre gestos de carinho inspirados na “Maternidade” de Tarsila do Amaral. É exatamente isso que está acontecendo nas turmas C3 MA, C3 TA e C3 TB do Colégio Universitário, onde a arte brasileira virou laboratório de descobertas sobre “Como o mundo funciona”.

O projeto, alinhado aos princípios do IB (International Baccalaureate), transformou obras icônicas como “O Touro”, “A Cuca” e “Maternidade” em portas de entrada para grandes questões: como representamos o mundo? O que são gestos de cuidado? Como diferentes culturas expressam suas tradições?

Cores vibrantes, mundos possíveis

“Tarsila usava cores vibrantes, formas criativas e figuras inventadas para representar o mundo de uma maneira única”, explicam Michele Nolasco, coordenadora da Educação Infantil. Essa observação simples virou o ponto de partida para conversas nada simples com os pequenos investigadores.

Ao observar “A Cuca”, as crianças não apenas identificaram o jacaré fantástico da artista – elas começaram a criar seus próprios animais imaginários. A obra “O Touro” os conectou diretamente à cultura popular brasileira, levando-os a descobrir a festa do Boi-Bumbá.

E foi aí que a que as diretrizes do IB entraram em ação: em vez de serem apenas espectadores da arte, os alunos se tornaram criadores. Juntos, desenvolveram fantasias, compuseram músicas e criaram coreografias próprias, valorizando a expressão corporal e a criatividade.

Maternidade: quando arte vira conversa sobre afeto

Uma das experiências mais tocantes aconteceu com a obra “Maternidade”. A partir dela, as crianças mergulharam em reflexões sobre gestos de carinho e proteção, participando de jogos simbólicos que envolviam embalar, alimentar e acolher.

“Essas experiências valorizaram a expressão corporal, a criatividade e a construção de ideias sobre o mundo, de forma lúdica e significativa”, conta Michele. É o perfil de aluno IB sendo formado na prática: criativo, empático e aberto a diferentes culturas e perspectivas.

Arte como investigação do mundo

O que mais impressiona no projeto é como ele incorpora naturalmente os pilares do IB. Quando as crianças observam as cores vibrantes de Tarsila, estão desenvolvendo curiosidade. Quando criam suas próprias fantasias inspiradas no Boi-Bumbá, exercitam a expressão criativa. Quando refletem sobre gestos de cuidado, constroem compreensão intercultural.

“Como o mundo funciona”( “How the World Works”) deixa de ser uma pergunta abstrata e vira uma investigação concreta: através das pinceladas de Tarsila, da riqueza da cultura popular brasileira e da própria capacidade de criar e expressar ideias.

Pequenos, mas grandes investigadores

Aos 3 anos, esses alunos já estão vivenciando o que há de mais genuíno na educação IB: a investigação que conecta arte, cultura e vida real. Eles não apenas aprendem sobre Tarsila do Amaral – eles usam a obra dela como lente para enxergar e recriar o mundo.

O resultado vai muito além de conhecimento sobre arte brasileira. São crianças que estão aprendendo que existem mil maneiras de representar o mundo, que a cultura popular é fonte rica de inspiração e que suas próprias criações têm valor e significado.

Quando uma criança de 3 anos cria sua versão da Cuca ou inventa um passo para o Boi-Bumbá, ela está exercitando a mesma capacidade investigativa que a acompanhará por toda sua jornada educacional no IB: a habilidade de observar, questionar, criar e expressar sua compreensão única do mundo.

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